As dietas vegetarianas estão se tornando cada vez mais populares em muitos países, inclusive entre os jovens. É uma escolha em ascensão em todo o mundo. Nos Estados Unidos, aproximadamente 5% dos jovens de 8 a 17 anos se descrevem como vegetarianos e 2% como veganos. Entre os adultos nos Estados Unidos, aproximadamente 6% seguem alguma forma de dieta vegetariana e 3% seguem uma dieta vegana. Dietas vegetarianas foram relatadas por aproximadamente 8% dos adolescentes no Reino Unido e 8 a 10% dos adultos na Alemanha, Áustria, Itália e Reino Unido. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública (IBOPE) de outubro de 2012 revelou que 15,2 milhões de brasileiros se declararam vegetarianos, o que corresponde a 8% da população brasileira com mais de 18 anos.
As dietas vegetarianas são frequentemente agrupadas da seguinte forma:
Vegetariano: não utiliza nenhum derivado animal na sua alimentação
Ovolactovegetariano: utiliza ovos, leite e laticínios na alimentação
Lactovegetariano: não utiliza ovos, mas faz uso de leite e laticínios;
Ovovegetariano: não utiliza laticínios, mas consome ovos;
Vegano: não utiliza qualquer alimento derivado de animal na sua alimentação, nem produtos ou roupas contendo estes alimentos, ou frequenta qualquer diversão que seja às custas de exposição animal
Segundo a Associação Dietética Americana (ADA), a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Canadense de Pediatria (SCP), uma dieta vegetariana bem balanceada é capaz de promover crescimento e desenvolvimento adequados a crianças e adolescentes. Entretanto, por serem mais vulneráveis a desenvolver deficiência de nutrientes, devem ser adequadamente monitorados e muitas vezes suplementados, já que o risco é proporcional à menor variedade dos grupos alimentares consumidos.
As dietas vegetarianas fornecem, em geral, menores quantidades energéticas e proporção de gorduras saturadas por refeição, além de maior teor de fibras, frutas e vegetais. O não consumo de alimentos de origem animal e laticínios podem contribuir para menor ingestão de ferro, vitamina B12, cálcio e zinco. A recomendação de ingestão energética em vegetarianos e não vegetarianos é a mesma .
Em lactentes, e a partir da introdução da alimentação complementar, pode ser necessário oferecer alimentos mais frequentemente. Em crianças maiores, a utilização de alimentos de maior densidade calórica, pode contribuir para a maior ingestão de calorias. O desmame de um bebê para uma dieta vegetariana é particularmente desafiador e deve ser realizado apenas com orientação para garantir a ingestão adequada de nutrientes, particularmente de energia e proteína totais, vitamina B12 (se a dieta for vegana), vitamina D, ferro, zinco, folato e cálcio. Os lactentes não devem ser alimentados com fórmulas caseiras, incluindo aquelas feitas a partir de uma receita que os pais possam perceber como saudável, a menos que a composição tenha sido cuidadosamente revisada e aprovada por um nutricionista ou nutricionista com experiência pediátrica
Com relação ao aleitamento materno, está indicada a suplementação com vitamina B12 nas mães veganas e vegetarianas estritas. Dietas com ricas fontes de ferro, zinco, folato e ácidos graxos essenciais devem ser priorizadas. Na impossibilidade do aleitamento, as fórmulas à base de proteína hidrolisada de arroz ou de proteína isolada de soja para maiores de 6 meses podem ser indicadas. A suplementação vitamínica e de ferro, para o lactente, devem ser seguidas conforme as recomendações indicadas a todos, independentemente da escolha do regime alimentar da família.
Na introdução alimentar, teremos o cuidado de oferecer a quantiade de energia necessária para o crescimento e desenvolvimento seguros da criança. Refeições mais frequentes serão exigidas para isso, visto que o volume da refeição vegetariana é maior. Utilização de alimentos mais calóricos, como amendoim, castanhas, nozes é uma alternativa.